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CORPO IXPRIMIDU

ensaio covid 19

Sentimentos na pandemia

A pandemia obrigou a todos, um isolamento social, confinou uma população, limitou o direito de ir e vir, determinou o que podemos ou não fazer e não nos deu uma certeza de quando e como isso acabaria.

Nos deparamos com questões que nos pareciam inexistentes (será?) ou que estavam silenciadas pela falta de tempo – tão valorizada em nosso tempo – questionamos nosso modo de vida, desejos, nosso gozo.

Nosso narcisismo que nos preenchia, a bolha aonde nos sentíamos protegidos, a ilusão de que não temos furos, tudo se esvaiu, nossos furos apareceram.

Temos que encarar nossas perdas, em todos os sentidos, e viver esse luto.

 

O medo da morte, esse ponto opaco, irrepresentável, impensável, inominável, arrebentou nossas defesas.

Nos deparamos com a solidão, nos deparamos com o medo, com o real – aquilo que escapa, não conseguimos nominar. O não saber – sobre como, quando a vida voltará a ser – algo próximo ao “normal” acabou com a crença de um saber constituído sobre o que será, como será – qualquer coisa. Não sabemos lidar com esse vazio, com essa falta. A angustia veio nos fazer companhia – Lacan,  disse que: “...a angústia é o afeto (nos afeta) que não engana, ele denuncia algo.”

 

Estamos confinados, presos dentro de nós mesmos, em uma prisão imaginária que nos sufoca. Corpos presos, enquadrados, apertados. Imaginar o que está fora desse espaço que nos limita nos amedronta, sair nos impõe encarar nossos vazios, buracos, fantasmas, nossa bolha narcísica estourou.

 

Que saibamos ressignificar essa prisão, sabendo que em alguns momentos vamos querer voltar a ela, para visitar nossos fantasmas, mas que teremos a chave da porta em nossas mãos.

Como disse Clarice Lispector - “...que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar, que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como estivesse plena de tudo.”

 

Patrícia Arruda - Psicanalista

Publicação digital, edição do artista,

fotografias: Philippe Arruda,

Modelos: Clara e Lucas Arruda, 2020.

mini bio

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Philippe Arruda

@philippearrudafoto

Fotógrafo e diretor de arte, graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e especializado em fotografia publicitária e de cinema. Comanda  um estúdio fotográfico que leva seu nome e a Over Digital, bureau especializado em fotografia, tratamento de imagens e arquivo fotográfico. Sua trajetória artística abarca a direção de arte para projetos cinematográficos, edições de livros e  exposições. Entre as individuais estão “Vida e Arte no Xingu” (vista nas principais capitais brasileiras, França e Alemanha) e “Photo de Charme” (Fundação Hassis, em Florianópolis, e Café  Photo, em São Paulo). As participações em mostras coletivas incluem “Fratura Exposta” (CIC, em Florianópolis), “Lestada e a Desconstrução” (Fundação BADESC, em Florianópolis, e Galeria Múltipla, em São Paulo) e “Contaminações - Linhas da Infância” (Museu Cruz e Sousa, em Florianópolis).

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